Trajadas de insularidades e contentamentos, minhas palavras foram, na companhia de Bertolt Brecht, Patativa do Assaré e Dalila Teles Veras, se juntar ao “Notícias de outras ilhas”. Agradeço demais ao Tarso de Melo e à Daysi Bregantini por me proporcionarem esta boniteza de encontro. Quem quiser saber mais, CLICA AQUI e bora lá no site da Revista Cult. Um beijo!
quinta-feira, 21 de maio de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
as traquinagens da poesia
para dona Nathanna e João Miguel
caminhávamos
de mãos dadas
no largo dos tempos verbais
mapeando balbucios encantadoiros
e parastes para
amamentar
e pus-me a desenhar versos
recordando
como se o carro das bonitezas
desaguasse nas nossas retinas
e o vagido primeiro
ancestral
de repente
viesse abraçar-nos
(se eu entendesse
de gramáticas e dicionários
como entendo de traquinagens
soletraria
a ma men tar
devagarinho
a mar men tar
bordando uma letrinha
uma letrinha
bem caprichosa
entre a segunda e a terceira
síbala
po é ti ca)
___
do livro a butija dos dizer (coleção Mimo, Alpharrabio, 2018)
no largo dos tempos verbais
mapeando balbucios encantadoiros
e parastes para
amamentar
e pus-me a desenhar versos
recordando
como se o carro das bonitezas
desaguasse nas nossas retinas
e o vagido primeiro
ancestral
de repente
viesse abraçar-nos
(se eu entendesse
de gramáticas e dicionários
como entendo de traquinagens
soletraria
a ma men tar
devagarinho
a mar men tar
bordando uma letrinha
uma letrinha
bem caprichosa
entre a segunda e a terceira
síbala
po é ti ca)
___
do livro a butija dos dizer (coleção Mimo, Alpharrabio, 2018)
sexta-feira, 1 de maio de 2020
primeiro de maio
você já agradeceu
por cortar o dedo picando cebola
e sentiu como arde muito mais
em contato co’a água sanitária
que usa para lavar
o banheiro
e como torna a sangrar quando esfrega
as roupas no tanque
e como torna a doer quando lava
xícaras, panelas, talheres, copos e pratos e
em seguida
começa tudo de novo?
chega uma hora em que o corte
esmorece
entrega os pontos
se dá por vencido e
exaurido
resolve cicatrizar
a dureza do trabalho
invisível
é demais para ele
as mãos insubordinadas
sorriem
como se tivessem todos os dentes na boca
nessas mãos
mora a boniteza
de tum-tum-tuns de zabumba e fraseados de pífano
nessas mãos
mora a determinação
de vulcões, terremotos e dobramentos modernos
nessas mãos
mora o enfrentamento
de frear processos produtivos e cavucar terra seca
nessas mãos
mora a mais aguerrida possibilidade
de parir-se
poesia
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