você já agradeceu
por cortar o dedo picando cebola
e sentiu como arde muito mais
em contato co’a água sanitária
que usa para lavar
o banheiro
e como torna a sangrar quando esfrega
as roupas no tanque
e como torna a doer quando lava
xícaras, panelas, talheres, copos e pratos e
em seguida
começa tudo de novo?
chega uma hora em que o corte
esmorece
entrega os pontos
se dá por vencido e
exaurido
resolve cicatrizar
a dureza do trabalho
invisível
é demais para ele
as mãos insubordinadas
sorriem
como se tivessem todos os dentes na boca
nessas mãos
mora a boniteza
de tum-tum-tuns de zabumba e fraseados de pífano
nessas mãos
mora a determinação
de vulcões, terremotos e dobramentos modernos
nessas mãos
mora o enfrentamento
de frear processos produtivos e cavucar terra seca
nessas mãos
mora a mais aguerrida possibilidade
de parir-se
poesia
Que texto!!!! Parabéns!!!!
ResponderEliminar