para Luzia Maninha
a família
se senta no chão bem no meio da porta
lugar onde corre um arzinho
um lençol grosso de algodão cru
sobre o qual se deita o feijão em bagem
verdinho
lhes cobre até a cintura
o debulhar dá o tom da prosa
à roda
anda o versejar
chuleando cantigas de toda qualidade
os feijões debulhados
vão se aconchegando tranquilos no centro do tecido
satisfeita co’a missão cumprida
a palha se posta de lado
o pai sorri
há enfim o que botar no fogo
a mãe se aquieta
o labor lhes trouxera algum proveito
as crianças sabem
mora ali uma brincadeira diferente demais
e saltam da ingenuidade
à certeza da próxima refeição
foi num foi
um feijãozinho mais afoito toma o rumo
de alguma boca
(entreolhar em regozijo)
só a poesia
numa boquinha de noite
sertaneja
pode dizer o que acontece ali
a boniteza do momento
não cabe no balaio do seo perpétuo
o porvir
é sempre um punhal caprichoso a riscar as faces
de repente
quando dona penúria encostar de novo
encontrará a fortaleza de mãos muito mais grossas
em comunhão
E começou muito bem esta "lida poética"
ResponderEliminarAcho que virei assomar-me mais vezes a esta "janela"
Abraço
isa
Será sempre muito bem vinda, Isa! Um abraço!
EliminarParabéns Paulo, pelo poema e pelo blog.
ResponderEliminarAgradecido, meu irmão! Aproveite para retomar as atividades no "poesia... pois é... pois vamos!" Um abraço!
Eliminarficou lindo, abraços
ResponderEliminarAgradecido, Maninha! Abraços!
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